segunda-feira, 16 de julho de 2012

Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento

Sem negar a teoria freudiana sobre desenvolvimento psicossexual, Erikson mudou o
enfoque desta para o problema da identidade e das crises do ego, ancorado em um contexto
sociocultural. O estudo da identidade tornou-se estratégico para o autor, que viveu em uma
época onde a Psicanálise deslocava o foco do id e das motivações inconscientes para os
conflitos do ego.
Na verdade, é preciso considerar que as mudanças de enfoque na teoria psicanalítica
ocorreram antes da morte de Freud (Hall et. al., 2000). O que havia de ser contestado e
modificado foi feito por seus discípulos em sua presença. Esta foi a causa de tantas
dissidências em seu círculo de estudos. Jung e Adler são exemplos daqueles que foram
excluídos de seu grupo ao discordarem de alguns pontos da teoria freudiana ou
simplesmente por terem mudado o foco de estudo. Após a morte de Freud, a Psicanálise
sofreu uma espécie de ampliação. Algumas idéias foram redefinidas, outras suprimidas,
mas, em sua maioria, até mesmo por decorrência do contato da Psicanálise com a
Psicologia, foram estendidas.


Um avanço da teoria freudiana que é, sem dúvida, da maior importância para o
estudo do humano no século XX, é o foco no ego. Em Freud, o ego aparece como sistema
muitas vezes subserviente ao id. Anna Freud, filha de Sigmund Freud, dando continuidade
aos seus estudos, atribuiu ao ego uma característica de mais autonomia, com um maior
poder de decisão e de atuação. Anna também ampliou os mecanismos de defesa de sete
para dez., atribuindo a eles um caráter menos patológico do que Freud o fizera. Com sua
teoria, Anna Freud também transformou os estágios psicossexuais de seu pai em estágios de
busca de domínio do ego, dando a base para os estudos de Erik Erikson. Esta fase na
Psicanálise ficou conhecida como época da “Psicologia do Ego”, onde se diminuía a ênfase
no inconsciente (Hall, et. al., 2000).

Em meados do século XX, Erikson começa a construir sua teoria psicossocial do
desenvolvimento humano, repensando vários conceitos de Freud, sempre considerando o
ser humano como um ser social, antes de tudo, um ser que vive em grupo e sofre a pressão
e a influência deste. A partir desta consideração, Erikson formula sua teoria de forma a
deixar duas importantes contribuições à Psicanálise, segundo Hall e colaboradores (2000):
deixa uma teoria na qual o ego tem uma concepção ampliada e realiza estudos psicohistóricos,
exemplificando sua teoria psicossocial no curso de vida de algumas figuras
famosas. Essa metodologia é totalmente nova para a Psicanálise da época e na própria
psicologia, pois estudos longitudinais eram muito raros e complexos de serem realizados
(ainda o são hoje), embora se mostrem como um excelente método de validar teorias como
a de Erikson, que trabalham o clico vital como um contínuo onde cada fase influencia a
seguinte.

Assim como Freud, Piaget, Sullivan, entre ouras figuras da época, Erikson optou
por distribuir o desenvolvimento humano em fases. Porém, seu modelo detém algumas
características peculiares (Rabello, 2001):
• Desviou-se o foco fundamental da sexualidade para as relações sociais;
• A proposta os estágios psicossociais envolvem outras artes do ciclo vital além da
infância, ampliando a proposta de Freud. Não existe uma negação da importância
dos estágios infantil (afinal, neles se dá todo um desenvolvimento psicológico e
motor), mas Erikson observa que o que construímos na infância em termos de
personalidade não é totalmente fixo e pode ser parcialmente modificado por
experiências posteriores;
• A cada etapa, o indivíduo cresce a partir das exigências internas de seu ego, mas
também das exigências do meio em que vive, sendo portanto essencial a análise da
cultura e da sociedade em que vive o sujeito em questão;
• Em cada estágio o ego passa por uma crise (que dá nome ao estágio). Esta crise
pode ter um desfecho positivo (ritualização) ou negativo (ritualismo);
• Da solução positiva, da crise, surge um ego mais rico e forte; da solução negativa
temos um ego mais fragilizado;
• A cada crise, a personalidade vai se reestruturando e se reformulando de acordo
com as experiências vividas, enquanto o ego vai se adaptando a seus sucessos e
fracassso.

Erikson criou alguns estágios, que ele chamou de psicossociais, onde ele descreveu
algumas crises pelas quais o ego passa, ao longo do ciclo vital. Estas crises seriam
estruturadas de forma que, ao sair delas, o sujeito sairia com um ego (no sentido freudiano)
mais fortalecido ou mais frágil, de acordo com sua vivência do conflito, e este final de crise
influenciaria diretamente o próximo estágio, de forma que o crescimento e o
desenvolvimento do indivíduo estaria completamente imbricado no seu contexto social,
palco destas crises.

Para continuar lendo o Artigo: Erikson e a Teoria Psicossocial do Desenvolvimento. Por Elaine Rabello e José Silveira passos. Acesse: http://www.josesilveira.com/artigos/erikson.pdf

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