Garantir a aprendizagem dos alunos é o
desejo de todo professor. Capacitá-los de fato para enfrentar os
desafios não é tarefa fácil. Conhecer bem o conteúdo de sua disciplina e
trabalhar com os recursos tecnológicos pode não ser o suficiente.
Entender um pouco do funcionamento do cérebro e como ocorre a
aprendizagem pode ajudar nesta tarefa. Com esse conhecimento é possível
desenvolver metodologias mais eficientes, capazes de despertar no aluno o
interesse pela matéria e pelo aprendizado.
O cérebro armazena fatos separadamente,
entre neurônios, e a aprendizagem ocorre quando esses fatos, associados
através das sinapses, são propagados. “O ato de aprender é inato do ser
humano. O aprender é biológico, mas a relação de aprendizagem é afetiva.
É preciso que exista uma motivação, um interesse”, explica a
psicopedagoga e psicanalista Marta Relva Pires, coordenadora do curso de
neurociência pedagógica da Faculdade Integrada AVM-Candido Mendes.
A especialista, que é mestre em Anatomia
e Fisiologia Humana, explica que existe a aprendizagem mecânica —
aquela que passa pelos estímulos — e a emocional — que está relacionada à
afetividade. “O aprender é biológico, ou seja, nascemos com essa
capacidade, mas a relação de aprendizagem é afetiva. O aprender
significa mudar de comportamento. A informação para ser processada
precisa ter coerência para o aluno”, ressalta.
O cérebro possui uma grande plasticidade
e, por isso, sofre alterações constantes. Essas alterações ocorrem
quando ele é estimulado. É a partir desses estímulos que começa a
aprendizagem. A primeira etapa é o estímulo sensorial, que será
assimilado pelo cérebro de forma rápida e curta. Nesta etapa, a memória
utilizada é a de curto prazo ou de trabalho (que armazena no cérebro
informações conscientes por um curto período de trabalho). Alguns
recursos como filmes e músicas podem ser utilizados como estímulo.
Associação de ideias
A fase seguinte exige o uso da memória
de longo prazo, pois há a associação de fatos e ideias. “Nesta fase,
lidamos com a questão da coerência e da afetividade. O aluno precisa
compreender a importância do conteúdo. Ver sentido no que é apresentado.
Uma forma de mostrar ao aluno a importância de um tema é levá-lo a
investigar sobre o assunto; é não dar respostas, e sim apresentar
questões”, diz a neurocientista.
Apresentar os conceitos de forma
coerente, relacioná-los com o dia a dia do aluno são pontos fundamentais
para despertar no jovem o interesse pelo que está sendo passado. “O
aprender está no processo de reflexão, de análise. O cérebro retém o que
acha importante. É preciso que a aula desperte o aluno.”
Provocar desafios, elaborar projetos de
leitura, organizar debates, criar jogos com os assuntos debatidos,
apresentar músicas, trabalhar conceitos são estratégicas que facilitam e
tornam as aulas mais dinâmicas e interessantes para os jovens. “Essas
aulas costumam ter bons resultados, pois os alunos sentem-se motivados a
participar”, diz Marta Pires.
A última etapa neste processo é a
fixação, que deve ser feita por meio de exercícios e também de ações.
“Aprender significa mudar de atitude, de comportamento, senão o que
temos é um conteúdo armazenado no cérebro”, diz a especialista,
ressaltando, ainda, que a atitude do professor em sala faz a diferença.
Na visão da especialista, o professor
que chega, senta e faz a chamada está na contramão do processo de
aprendizagem. “Esse comportamento desmotiva o aluno, a ideia que passa é
que o professor está cansado e desanimado. Acaba com a curiosidade do
aluno.”
Outro erro, na avaliação da
psicopedagoga, é o grito. “Gritar não é papel do educador. Ele deve ser o
exemplo, por isso deve manter a postura”.
Para saber mais sobre o assunto:
Neurociência e Educação - potencialidades dos gêneros na sala de aula
(WAK Editora), Marta Relva Pires.
Fonte: Sinepe Rio
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